Saturday, October 21, 2006

À Minha Mãe, PARABÉNS

TODAS AS MÃES
As mães serenamente dando tudo.
As mães ternamente esperando nada.
As mães sempre amando os filhos.
As mães sem os seus filhos sentindo-se tão pouco.
Os filhos sem mãe dolorosamente vivendo, avidamente procurando até encontrarem.
A impossibilidade verificada de pensar uma criança sem simultaneamente pensar na sua mãe.
Os filhos sendo, de início, quase só aquilo que as mães souberam ou puderam dar.
Os filhos-bebés tudo engolfando, a cabeça das mães completamente por eles preenchida.
Mães amores-perfeitos, bebés bem-me-queres na Primavera dos afectos.
Mães pelo corpo ligando, envolvendo, pegando, lembrando.
Mães pelo corpo dando espaço, criando, libertando, dizendo adeus. Todos os movimentos possíveis, em diferentes etapas da vida, muitas etapas da vida, e os seus movimentos só são possíveis pelo que um corpo, um corpo com outro corpo, dois corpos permitem.
Mães chamas de velas sempre à noite acesas, luz Sol durante o dia aquecendo.
Mães-mães e mães-pais, «este é o teu pai, meu filho, tu és o amor dele por mim», «pai, este é o teu filho, contigo e por mim ele há-de lembrar-se disso.»
Mães a outras mães deixando os seus filhos, custa tanto isso no primeiro dia do jardim-de-infância. «Será que ele fica bem sem mim?» é sempre mais a pergunta «será que eu fico bem sem ele?». Mães a elas regressando, a outros distribuindo, com tantos repartindo.
Mães naturalmente hesitando, também a outras perguntando, com os pais contando, com tudo aprendendo e tudo ensinando, como o que antes da escola já se sabe.
Mães-professoras da vida, sabedoria das outras mães transmitindo.
Mães com três letrinhas apenas a maior palavra que do mundo tens.
Mães arco-íris, paletas das cores de muitos desenhos: «Então esta eras tu?, boa!»
Mães perguntadoras, mães ouvidos, mães de intuir o mundo dos filhos como ninguém, mães de não prender os filhos só no seu mundo de mais ninguém. «Foi boa a escola? Sim, podes convidar o teu amigo para vir cá lanchar. Pois, vai com o teu pai ao futebol.»
Mães amadas, mães amantes, mães dos filhos modelo, mães que fecham uma porta para que os seus filhos outras abram. E depois, filhos amados, filhos amantes, filhos esquecendo mães e outras procurando, «é a vida», dizem eles então. «A que horas voltas?» «Mãe, esteja descansada.»
Mães boas, mães más, mães assim-assim, mas sempre mães.
Mães tempo depois revivendo a tarefa de serem mães, saudosamente rindo da ingenuidade de novas mães, mães filhas agora já mães, filhos antes filhos agora já pais.
Mães então para sempre recordadas na mais terna das lembranças.
Mães vida, mães luz que não morrem nunca porque não podem e simplesmente isso não é possível.
Mães de todo o coração, para sempre no coração.

Pedro Strecht

1 Comments:

Blogger N said...

ahah, maravilhosérrima inês, voltaste ao activo ;)
e estava morta por ler este texto, super curiosa com a tua/vossa escolha para a vossa mãe. Foi boa, claro!
beijo enorme *

ADOREI O PORTO COM VOCÊS

2:56 AM  

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