Será este o murmúrio do frio?

Um novo ano se inicia em breve; e tu, onde estás? Por onde andas e que caminhos percorres? Novas batalhas? Velhos trilhos? O sol continua a brilhar por aí? Sabes, nunca mais fui ao Meco...

Não sei se te perdeste ou se atracaste o teu barco numa qualquer ilha. Na última vez que te vi (e sendo essa a última vez que te falei), estavas diferente. Quer dizer, continuavas a vestir-te como dantes, conduzias da mesma forma e a tua voz tinha o mesmo timbre. Claro que continuavas a não usar creme e a não pentear o cabelo. Mas os teus olhos não brilhavam da mesma forma. Na última vez que te vi, tinhas uma série de trabalhos e planos em mente. Concretizaste-os? Não cheguei a saber qual iria ser o teu carro novo. Da última vez que te vi, recordo, com precisão, a cor (ainda) queimada da tua pele. Dessa vez, pegavas no cigarro da maneira que (ainda) sei de cór.

Que é feito de ti? - Eu não sei de ti. Perdi-me de ti - Ou perdi-te de mim (qual delas?). Continuas a pôr sal a mais na comida? Ainda deixas o depósito do carro chegar ao fimzinho até já não mais arrancar? Continuas a preferir massa ao arroz? Ainda vais àquela tasca que um dia me mostraste?
Da última vez que te vi (sim, daquela vez!), o teu abraço... senti-o mole.
Na última vez, o teu olhar fez-me querer correr atrás de ti (guardo-o - ao olhar - imaculadamente num lugar especial, naquele lugar dos olhares especiais)... mas foste-te embora.

Não te ouvi mais desde a última vez. Porquê?